Projeto Estudo Genético de Tityus obscurus

 
O Brasil, dentre as espécies animais encontradas em seu território, apresenta uma ampla diversidade na escorpiofauna. Em 1915 eram registradas apenas 40 espécies para o Brasil (MAURANO, 1915) e em menos de um século este número quadriplicou. Com as recentes descrições e revisões sistemáticas, atualmente são registradas 131 espécies, 23 gêneros e 4 famílias (BRAZIL & PORTO, 2010). A região Norte é a principal responsável pela elevada riqueza de espécies de escorpiões do Brasil. São registradas 68 espécies para a região, o que representa 52% das espécies de escorpiões existentes no país (BRAZIL & PORTO, 2010). No contexto desta região aparece como principal espécie envolvida em casos de escorpionismo em humanos o Tityus obscurus, sendo seguida em número de casos por Tityus metuendus e pelo Tityus silvestris (Brasil, 2009).
O escorpião T. obscurus pertence ao grupo de escorpiões de grande tamanho, grupo Asthenes, coloração negra uniforme, pernas e pedipalpos também enegrecidos (LEITÃO, 1945), os imaturos apresentam coloração amarelada com manchas escuras.
Tamanho corporal em espécimes adultos variando de 65 a 100mm, télson com dente sub-aculear sempre pontiagudo (ADIS, 2002), lamela basilar do pente e mão da quela dilatadas nas fêmeas conferindo a espécie nítido dimorfismo sexual (LOURENÇO, 2002).
A distribuição geográfica da espécie ocorre da Guiana Francesa até a Região da Amazônia Oriental Brasileira, sendo no Brasil localizada nos estados do Amapá, Pará e Mato Grosso (Brasil, 2009). A dispersão observada na espécie abrange atualmente quatro áreas biogeográficas da Amazônia, denominadas áreas de endemismo, sendo essas: Guiana, Tapajós, Xingu e Belém.
Pesquisas sobre casos de escorpionismo por T. obscurus no estado do Pará (Pardal, 2006) demonstram diversidade de gravidade clínica entre as vítimas do envenenamento em áreas biogeográficas desiguais, Tapajós e Belém, manifestações de comprometimento neurológico em municípios diferentes, servem de indício de polimorfismo genético. A dissemelhança genética provavelmente levou a diversidade na composição química do veneno, possibilitando em casos de acidentes, pela mesma espécie de escorpião de regiões distintas, apresentarem intensidade de manifestações clínicas díspares.